embalagem de vida comum

Série Nos espaços entre as coisas... 50 x 50 cm., misturada sobre tela.

Queria falar sobre rotina, sobre o nosso dia a dia. Dar-lhe um sentido mais poético e estético, tornando-o assim em algo mais suportável e suportável. Como se a rotina não parecesse rotina. E nessa empreitada me deparei com coisas!!! Sim, coisas, todos aqueles objetos, roupas, gadgets, desperdícios... que partilham espaço e tempo connosco. São testemunhas silenciosas dos nossos dias seguidos de outros dias, dias cheios de problemas, desentendimentos, esperanças, medos, alegrias... E descobri também um breve fragmento do livro que estava lendo naquele momento e que, sem procurar isso, me acompanhou e me ajudou na construção desta exposição. Em “Sunset Park” (Paul Auster, 2010) uma das personagens deste romance foi Ellen Brice, uma pintora, ela se encontra perdida em sua vida, perdida em sua arte e em seus dias e acima de tudo e o mais trágico é que ela é uma pintora, perdida “em não dizer nada”. Ele então entende que deve começar de novo e diz:

“Eu queria pintar quadros que evocassem a maravilha silenciosa da pura objetalidade, o éter sagrado que respira nos espaços entre as coisas, para expressar a existência humana numa representação meticulosa de tudo o que está lá fora, além de nós, ao nosso redor... ”

Begmont