SILÊNCIO III - A memória da liberdade na era do Eremoceno
80 x 60 x 10 cm., mesclado (colagem e argila) sobre madeira.
As vozes da natureza em seis silêncios é uma série que nasceu em resposta a esta situação*, como um BASTA maiúsculo que implode sem fazer barulho num humano branco sobre branco que dá espaço e destaque às vozes coloridas da natureza. Seis obras, seis silêncios espaço-temporais que nos dão outro tipo de ritmo, menos apressado, para ir ao reencontro horizontal com a natureza; ao abraço da verdadeira liberdade, aquela que alcançamos ouvindo, silenciando os monólogos barulhentos do nosso Eu, sem impor a nossa própria identidade ao mundo e com muito diálogo e respeito pelo que é diferente; ao abandono da atitude instrumental dominante em favor de uma mais desinteressada, que nos dá a oportunidade de ver além de nós mesmos e compreender que somos simplesmente uma entre muitas outras espécies que co-habitam este planeta.
Seis colagens que se resolvem formalmente como frações matemáticas cujo denominador comum é sempre o mesmo: o silêncio humano. Algumas composições cujo peso visual reside numa natureza que se vê e se ouve; isso justifica a importância de compreender os animais, incluindo nós, como habitantes dos seus ecossistemas.
Marta dos Pássaros
* Falamos da Sexta Extinção como se a causa não estivesse ligada às nossas ações e apesar de caminharmos para um precipício sem volta, parece que ainda temos tempo de cunhar conceitos como o Antropoceno para designar a época em que vivemos, colocando novamente no centro e reafirmando nosso projeto de domínio.